Como resultado do encontro realizado no domingo entre os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva, o governo dos Estados Unidos concordou em estabelecer um cronograma de negociações sobre o tarifaço de 50% imposto ao Brasil. A informação foi confirmada nesta terça-feira (28) pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
Apesar do otimismo de Lula, as reuniões ocorridas na Malásia ainda não resultaram em um acordo definitivo. Acompanhado do secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Elias Rosa, e do embaixador Auro Faleiro, assessor especial da Presidência, Vieira se reuniu com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer. “Deveremos ter um acordo nas próximas semanas”, afirmou Rosa.
A possibilidade de um alívio nas tarifas impostas ao Brasil, somada à expectativa de um novo encontro entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, na quinta-feira, impulsionou o otimismo do mercado financeiro. O Ibovespa fechou em alta de 0,55%, aos 146,9 mil pontos, enquanto o dólar caiu 0,41%, cotado a R$ 5,37.
Em entrevista, Lula afirmou estar convencido de que Brasil e Estados Unidos chegarão a um entendimento em breve. “Se depender do Trump e de mim, haverá acordo”, disse o presidente, descrevendo a reunião como “surpreendentemente boa”.
Lula revelou ter entregue por escrito as demandas brasileiras e reforçou o pedido de suspensão das tarifas, classificadas como “injustas e baseadas em informações equivocadas”. Segundo ele, os EUA acumularam superávit de US$ 410 bilhões em suas relações comerciais com o Brasil nos últimos 15 anos.
Já Trump adotou um tom mais cauteloso. “Vamos ver o que acontece. Eles gostariam de fazer um acordo, mas ainda não sabemos. Tivemos uma ótima reunião”, declarou o presidente americano, durante voo da Malásia ao Japão.
Trump também fez questão de parabenizar Lula pelo aniversário de 80 anos, completado no domingo. “Ele é um cara muito vigoroso, muito impressionante. E hoje é o aniversário dele, então, feliz aniversário”, disse o republicano.
Lula respondeu com bom humor, destacando que “não era possível resolver tudo em uma conversa”. “O importante é que definimos uma regra de negociação. Sempre que houver dificuldades, falarei diretamente com ele. Temos contato direto, e nossas equipes vão continuar o diálogo”, afirmou.
O ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, adiantou que temas como a exploração de terras raras, oportunidades no agronegócio e a política de incentivo ReData — voltada à atração de data centers — devem estar na pauta das próximas rodadas de negociação.