Um relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que o tabagismo ainda afeta um em cada cinco adultos em todo o planeta, sendo responsável por milhões de mortes evitáveis a cada ano.

O documento traz pela primeira vez estimativas sobre o uso de cigarros eletrônicos. De acordo com a OMS, mais de 100 milhões de pessoas utilizam os dispositivos — 86 milhões são adultos, em sua maioria de países desenvolvidos, e 15 milhões são adolescentes entre 13 e 15 anos. Em países que possuem dados disponíveis, jovens apresentam probabilidade nove vezes maior de usar vapes em comparação com adultos.

“Os cigarros eletrônicos estão alimentando uma nova onda de dependência da nicotina”, afirma Etienne Krug, diretor do Departamento de Determinantes Sociais, Promoção e Prevenção da Saúde da OMS. Segundo ele, apesar de muitas vezes serem vendidos como alternativas de redução de danos, esses produtos estão viciando crianças cada vez mais cedo e ameaçando conquistas de décadas no combate ao tabaco.

Avanços e desafios
Entre 2000 e 2024, o número de usuários de tabaco no mundo caiu de 1,38 bilhão para 1,2 bilhão — uma redução de 180 milhões. As taxas de consumo diminuíram em homens e mulheres, mas foram elas que lideraram o progresso. A prevalência feminina caiu de 11% em 2010 para 6,6% em 2024, atingindo a meta global cinco anos antes do previsto. Já entre os homens, embora a queda tenha sido de 41,4% em 2010 para 32,5% em 2024, a meta só deve ser alcançada em 2031. Hoje, mais de 80% dos usuários de tabaco no mundo ainda são homens.

Situação no Brasil
No Brasil, estima-se que 20,1 milhões de pessoas façam uso de tabaco, sendo a maioria homens. O país, no entanto, está entre aqueles que avançam de forma consistente rumo à meta de redução de 30% na prevalência de usuários até 2025 — com estimativa de queda de 34% em relação a 2010.

“Milhões de pessoas estão parando ou sequer chegando a iniciar o consumo graças aos esforços de controle realizados em diversos países”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. Ele ressalta, porém, que a indústria do tabaco reage à queda no consumo lançando novos produtos, como vapes e sachês de nicotina, voltados principalmente para os jovens.

Recomendações da OMS
A agência reforça a necessidade de políticas públicas mais firmes contra o tabaco, incluindo:

• aumento de impostos sobre cigarros e derivados,

• proibição da publicidade,

• fechamento de brechas que permitem o acesso de crianças e adolescentes,

• expansão de serviços de apoio a quem deseja parar de fumar.

Para a OMS, somente com medidas mais rigorosas será possível evitar que uma nova geração seja capturada pela dependência da nicotina.